O salário mínimo de R$ 1.412 é a principal renda de milhões de brasileiros, que vivem com o orçamento apertado no país. O valor até é considerado bom para quem não possui outra renda, mas você sabia que o piso nacional deveria ter um valor quase cinco vezes maior no Brasil?
De acordo com o levantamento mais recente divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo deveria ter sido de R$ 6.832,20 no mês. Esse valor projetado pelo Dieese foi 4,84 vezes maior que o salário mínimo vigente no país (R$ 1.412).
Você já imaginou como seria bom se o salário mínimo chegasse próximo a R$ 7 mil no Brasil? Milhões de trabalhadores que recebem o piso salarial no país devem sonhar com uma remuneração mais elevada, mas a realidade é bem diferente.
O valor projetado pelo Dieese é um reflexo das dificuldades que os trabalhadores do país enfrentam todos os meses. Isso porque a remuneração deveria ser capaz de suprir todas as necessidades básicas dos trabalhadores e suas famílias, englobando alimentação, saúde, educação e lazer, entre outros.
Entretanto, o salário mínimo do Brasil continua bem menor do que deveria. Portanto, as famílias que recebem o piso salarial sofrem para viver dignamente, uma vez que o valor do salário não é capaz de suprir as necessidades básicas da população brasileira.

Salário mínimo ideal x cesta básica
O Dieese divulga mensalmente uma pesquisa sobre as variações dos preços dos itens que compõem a cesta básica. A partir destes dados, a entidade calcula o salário mínimo ideal do país, levando em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês.
Segundo a entidade, o salário mínimo ideal do Brasil seria aquele capaz de suprir as necessidades da população. Para definir qual seria o valor ideal para os trabalhadores do país as estimativas consideraram a cesta básica da capital de São Paulo, que foi a mais cara do país no mês passado.
Em síntese, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Aliás, desde 1938 há uma lista que define os alimentos essenciais para a sobrevivência de uma família. Essa lista é composta por 13 itens básicos e possui regulamentação devido a um decreto. Confira abaixo quais são os itens:
- Carne;
- Leite;
- Feijão;
- Arroz;
- Farinha;
- Batata;
- Legumes;
- Pão;
- Café;
- Frutas;
- Açúcar;
- Óleo;
- Manteiga.
Trabalhador compromete mais da metade do salário
O levantamento do Dieese considerou a cesta básica mais cara do país em março para estimar qual deveria ser o salário mínimo do país. No mês passado, a cidade de São Paulo teve a cesta mais cara, custando R$ 813,26. A propósito, a cesta básica ficou mais cara em 10 das 17 capitais pesquisados em março.
A pesquisa comparou o custo da cesta na capital paulista com o salário mínimo líquido. Nesse caso, o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Assim, o valor da cesta básica correspondeu a 57,6% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.412).
Em outras palavras, o trabalhador que recebeu o piso nacional em março, e morava na capital paulista, gastou mais da metade da sua renda para adquirir uma cesta básica.
Além disso, a pesquisa também mostrou o tempo médio necessário para que um trabalhador de São Paulo adquirisse produtos da cesta básica. A saber, os profissionais da capital precisaram trabalhar 126 horas e 43 minutos em fevereiro para comprar os produtos.
A média nacional também ficou bastante elevada no mês passado. Contudo, o tempo a ser trabalhado no Brasil, em geral, não foi tão elevado quanto o da capital fluminense, chegando a 108 horas e 26 minutos.
Alimentos ficam mais caros em São Paulo
Em síntese, São Paulo ultrapassou o Rio de Janeiro, que havia liderado o ranking nacional, e teve a cesta básica mais cara do país. A capital paulista é a cidade mais populosa do Brasil, com mais de 12 milhões de habitantes, e todas as variações no local afetam uma quantidade expressiva de brasileiros.
Em março, oito dos 13 produtos pesquisados em São Paulo tiveram alta nos preços. Confira:
- Tomate: 8,47%;
- Banana: 6,64%;
- Feijão carioquinha: 4,90%;
- Arroz agulhinha: 1,04%;
- Leite integral: 0,80%;
- Açúcar refinado: 0,66%;
- Manteiga: 0,64%;
- Café em pó: 0,12%.
Por outro lado, os preços de cinco produtos caíram no mês: batata (-11,41%), óleo de soja (-3,63%), carne bovina de primeira (-1,51%), farinha de trigo (-0,33%) e pão francês (-0,11%).