Os brasileiros receberam uma notícia negativa neste mês. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o percentual de endividamento das famílias do país voltou a subir em março, após recuar no mês anterior.
Essa é a terceira alta nos últimos quatro meses, ou seja, o número de famílias com débitos atrasados no país só fez subir nos últimos meses.
Segundo a Peic, 78,1% das famílias do país relataram ter débitos a vencer em março deste ano. Esse percentual ficou 0,2 ponto percentual (p.p.) acima do nível observado em fevereiro (77,9%), sinalizando o aumento da quantidade de pessoas sofrendo com dívidas e contas atrasadas no país, apesar de ter sido de maneira leve.
Endividamento recua no ano
Embora o endividamento tenha crescido no mês, o levantamento revelou que o indicador caiu 0,2 p.p. em relação a março de 2023.
“O momento mais favorável dos juros, com menor custo, tem contribuído para uma maior demanda das famílias por crédito, sobretudo, parcelado“, destacou o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
De acordo com o Banco Central (BC), o saldo das operações de crédito para pessoas físicas teve um crescimento de 1,1% em janeiro de 2024. Isso mostra que as pessoas recorreram mais ao crédito, fator que ajudou a impulsionar o endividamento no país.
Veja mais detalhes do levantamento
A saber, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é responsável pela Peic. A entidade revelou que o endividamento recuou em fevereiro entre as faixas de renda intermediárias.
Veja os percentuais de endividamento por faixa de renda em março:
- Renda de 0 a 3 salários mínimos: 79,7%;
- Renda de 3 a 5 salários mínimos: 79,3%;
- Renda de 5 a 10 salários mínimos: 75,0%;
- Renda superior a 10 salários mínimos: 71,4%.
No mês passado, o endividamento ficou estável para as famílias que tinham uma renda superior a 10 salários mínimos. Já para as pessoas com renda de 3 a 5 salários mínimos e de 5 a 10 salários mínimos, as taxas caíram 0,2 p.p. e 0,8 p.p., respectivamente.
Apesar destas quedas, o endividamento cresceu no Brasil devido ao aumento dos débitos entre as pessoas com renda de 0 a 3 salários mínimos. No mês, houve um aumento de 0,5 p.p., alta forte o suficiente para impulsionar o percentual nacional de pessoas com débitos.
Cartão de crédito impulsiona débitos no país
A Peic também revelou quais foram os principais tipos de dívidas dos consumidores do país em março. Veja abaixo os percentuais registrados:
- Cartão de crédito: 86,9%;
- Carnês: 16,0%;
- Crédito pessoal: 10,2%;
- Financiamento de casa: 8,7%;
- Financiamento de carro: 8,7%;
- Crédito consignado: 6,4%;
- Cheque especial: 4,1%;
- Outras dívidas: 2,6%;
- Cheque pré-datado: 0,6%.
Cabe salientar que, na comparação com março de 2023, o percentual de pessoas com débitos no cartão de crédito cresceu 0,8 p.p. no país.
Também registraram aumento dos débitos no mês: crédito pessoal (1,6 p.p.), financiamento de casa (1,5 p.p.), financiamento de carro (0,4 p.p.), crédito consignado (1,4 p.p.) e outras dívidas (0,2 p.p.) e cheque pré-datado (0,2 p.p.).
Por outro lado, os seguintes tipos de débitos tiveram queda em seu percentual em fevereiro: carnês (-1,4 p.p.) e cheque especial (-0,1 p.p.).
Inadimplência também cresce em março
Da mesma forma que o endividamento cresceu em março, o número de famílias inadimplentes também avançou no terceiro mês de 2024 no país. Segundo os dados da Peic, quase três em cada dez famílias estavam com dívidas atrasadas no país.
A taxa chegou a 28,6% no mês passado, recuando em relação à taxa de inadimplência registrada em fevereiro (28,1%). O número também é menor que o observado em março de 2023 (29,4%).
“A alta da inadimplência também é vista pelo crescimento do percentual de famílias que afirmam que não terão condições de pagar as dívidas atrasadas em março, que é o grupo mais complexo dos inadimplentes. Nesse caso, o percentual já supera o do mesmo mês do ano passado“, disse a economista da CNC, Izis Ferreira.
Por fim, vale destacar que o valor médio dos débitos caiu pelo segundo mês seguido entre os consumidores que afirmaram ter mais da metade dos seus rendimentos comprometidos. No primeiro trimestre deste ano, a redução no valor dos débitos foi de 0,5 p.p., atingindo 20,7% dessas famílias.
“Para ampliar a renda disponível, as famílias buscaram aumentar o prazo para pagamento das suas dívidas. Tanto que o tempo de comprometimento com dívidas atingiu 7,1 meses em março de 2023, o maior nível desde abril de 2022“, informou a economista.