O preço da cesta básica subiu em 10 das 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em março. O resultado é negativo para os brasileiros, já que a maioria dos locais registrou alta, mas vale destacar que ficou melhor que os números de janeiro e fevereiro, quando as altas atingiram 16 e 14 locais, respectivamente.
Os maiores avanços foram registrados em Recife, Fortaleza, Natal e Aracaju, todas capitais nordestinas, mas os preços também subiram em outros seis locais, para tristeza dos consumidores.
Confira as variações em todos os locais pesquisados em março:
Unidade Federativa | Variação |
Recife | 5,81% |
Fortaleza | 5,66% |
Natal | 4,49% |
Aracaju | 3,90% |
João Pessoa | 3,32% |
Salvador | 2,62% |
Florianópolis | 1,00% |
Brasília | 0,78% |
São Paulo | 0,60% |
Belém | 0,36% |
Vitória | -0,34% |
Curitiba | -0,47% |
Goiânia | -0,60% |
Belo Horizonte | -2,06% |
Campo Grande | -2,43% |
Porto Alegre | -2,43% |
Rio de Janeiro | -2,47% |
Cesta básica mais cara do país
Com o acréscimo das variações de março, a cesta básica de São Paulo voltou a ser a mais cara do país. Em síntese, os moradores da capital paulista tiveram que desembolsar R$ 813,26 no mês passado para adquirir uma cesta básica na região.
Esse preço correspondeu a 57,6% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.412). Assim, o trabalhador que recebia o piso nacional no mês passado, e morava em São Paulo, gastou mais da metade do seu salário para adquirir uma cesta básica.
Por esta razão, todos os meses, milhares de pessoas são obrigadas a reduzirem os custos com as demais despesas. Como sobra pouco do salário para que os consumidores utilizem em outra coisa, não tem como aumentar o consumo.
Inclusive, muitos itens e serviços importantes se encaixam nessa “sobra”, como contas de luz e água, aluguel, prestação de casa e carnês de loja, mas seus preços dificultam a vida dos brasileiros.
Essa é a primeira vez em 2024 que São Paulo assume a liderança do ranking nacional de preços da cesta básica. A última vez que a capital paulista apresentou o maior preço do país foi em novembro. Nos meses seguintes, a posição foi ocupada por Porto Alegre, Florianópolis e Rio de Janeiro, entre dezembro de 2023 e fevereiro.

Salário mínimo ideal surpreende
O Dieese não revelou apenas a variação nos preços da cesta básica em março. A entidade também estimou qual seria o salário mínimo ideal do Brasil. Para isso, levou em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês passado, que foi a do São Paulo.
Nesse caso, o piso salarial deveria ter sido de R$ 6.832,20 em março, valor 4,84vezes maior que o salário mínimo vigente no país. Em março de 2023, o mínimo necessário deveria ter sido de R$ 6.571,52, valor 5,05 vezes superior ao piso que vigorava na época (R$ 1.320).
A pesquisa também mostrou que, para que um trabalhador atuante em São Paulo conseguisse adquirir produtos da cesta básica foi necessário um tempo médio laboral de 126 horas e 43 minutos em março.
Embora a média nacional também tenha ficado bastante elevada no mês passado, não chegou ao mesmo patamar que o de São Paulo. Segundo o Dieese, o tempo a ser trabalhado no país para adquirir uma cesta básica em março foi de 108 horas e 26 minutos, tempo superior ao de fevereiro (107 horas e 38 minutos).
Em resumo, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, que são aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Ainda vale destacar que o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Dessa forma, conseguiu chegar a um valor bastante aproximado do necessário para as pessoas terem uma vida digna no país.
Veja os preços das cestas básicas em março
Ainda considerando o levantamento do Dieese, confira quais foram os locais que apresentaram os menores valores do país em relação à cesta básica de fevereiro, ficando bem abaixo do observado em Rio de Janeiro:
Unidade Federativa | Preço da Cesta Básica |
São Paulo | R$ 813,26 |
Rio de Janeiro | R$ 812,25 |
Florianópolis | R$ 791,21 |
Porto Alegre | R$ 777,43 |
Brasília | R$ 747,68 |
Campo Grande | R$ 730,02 |
Vitória | R$ 729,34 |
Curitiba | R$ 728,06 |
Belo Horizonte | R$ 712,51 |
Goiânia | R$ 703,57 |
Belém | R$ 667,53 |
Fortaleza | R$ 663,22 |
Salvador | R$ 620,13 |
Natal | R$ 605,33 |
Recife | R$ 592,19 |
João Pessoa | R$ 583,23 |
Aracaju | R$ 555,22 |
Em síntese, Aracaju teve a cesta básica mais barata do país em março, assim como geralmente costuma acontece na pesquisa do Dieese. Na capital, o valor dos alimentos básicos comprometeu 39,3% do salário mínimo, taxa bem menor que a do São Paulo, mas ainda bastante elevada. Aliás, essa não foi a única diferença entre estes locais.
Quem estava morando em Aracaju em fevereiro precisou trabalhar 86 horas e 31 minutos para adquirir uma cesta básica. A saber, em São Paulo, a pessoa precisou trabalhar 40 horas e 12 minutos a mais para comprar os mesmos produtos no mês, em relação a Aracaju.
Por fim, caso a cesta básica de Aracaju fosse a mais cara do país, sendo utilizada pelo Dieese para determinar o salário mínimo ideal, os brasileiros deveriam ter um piso de R$ 4.664,40, valor 31,7% menor que o mínimo ideal em comparação à cesta do São Paulo.