Após subir em janeiro, o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) teve uma forte queda de 4,6 pontos em fevereiro deste ano, na comparação com o mês anterior. Com isso, o índice recuou para 104,5 pontos, acomodando-se em patamar favorável.
A saber, o IIE-Br atingiu em julho do ano passado o menor nível em quase seis anos (103,5 pontos). Contudo, as variações seguintes tiveram bastante oscilação, e o indicador apresentou um movimento de alternância de resultados, com as taxas subindo e descendo seguidamente.
Em outubro, o indicador de incerteza voltou a ficar acima da marca de 110 pontos, considerada uma faixa desfavorável, refletindo o aumento da incerteza no país naquele período, e isso se manteve em novembro.
Já em dezembro, o IIE-Br recuou no país, voltando a subir em janeiro, mas caindo novamente em fevereiro. Em suma, o indicador voltou a apresentar variações de sobe e desce entre os meses. Contudo, desta vez, com o forte recuo registrado em fevereiro, o índice voltou a ficar mais próximo da faixa de 100 pontos.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, divulgou as informações nesta semana.
Entenda o indicador de incerteza da FGV
Em resumo, taxas superiores a 100 pontos indicam que há algum grau de incerteza econômica no país, enquanto valores abaixo dessa marca refletem o contrário, ou seja, o país se mostra confiável com a economia brasileira.
Segundo o FGV IBRE, a faixa de 100 pontos reflete neutralidade do indicador. Assim, a marca atingida em fevereiro, de 104,5 pontos, indica um grau leve de incerteza no país, melhor resultado para o indicador desde julho de 2023 (103,5 pontos), ou seja, em sete meses.
Vale destacar que o grau de incerteza vem se mantendo em um patamar relativamente estabilizado nos últimos meses. Isso está acontecendo porque as variações do indicador se anulam, em grande parte, e o nível acaba apresentando uma variação pouco intensa no acumulado dos meses.

Componente de Mídia reduz incerteza no país
De acordo com a economista do FGV IBRE, Anna Carolina Gouveia, o IIE-Br caiu em fevereiro devido ao componente de mídia, que “mede o nível de incerteza através das notícias econômicas“. A economia vem ser fortalecendo, e o mercado espera grandes dados envolvendo inflação e emprego nos próximos meses.
“A queda do indicador de incerteza em fevereiro foi determinada pelo recuo de 6,4 pontos do componente de Mídia. O movimento reflete a continuidade de um cenário econômico doméstico favorável, com melhora do emprego, renda e inflação sob controle, apesar das tensões geopolíticas internacionais do momento“, disse a economista.
Cabe salientar que o IIE-Br possui dois componentes, o de Mídia e o de Expectativas. Em fevereiro, os componentes seguiram trajetórias distintas, exercendo impactos inversos no indicador.
O maior impacto veio do componente de mídia, que caiu 6,4 pontos, para 105,8 pontos. Esse também é o menor nível do componente desde julho de 2023 (101,9 pontos). A propósito, o componente impactou o indicador de confiança em -5,6 pontos em fevereiro.
Componente de expectativas sobe no mês
Embora o componente mídia tenha recuado, a incerteza em relação às expectativas com o futuro subiu em fevereiro e limitou a queda do indicador. Em síntese, o componente fechou o mês com alta de 4,5 pontos, para 97,5 pontos.
Vale destacar que, apesar da forte variação observada, o componente de expectativas exerce um impacto bem mais tímido no IIE-Br. Em fevereiro, o componente impulsionou a incerteza em 1,0 ponto, reduzindo a queda do indicador.
Apesar do forte avanço, a incerteza em relação às expectativas segue na zona favorável, abaixo de 100 pontos. Aliás, o componente de expectativas mede a dispersão nas previsões de especialistas para variáveis macroeconômicas, segundo o FGV IBRE.
O que esperar para os próximos meses?
Nos últimos meses, o IIE-Br apresentou dados voláteis, mas ainda com o predomínio das quedas, sinalizando a redução da incerteza econômica no país. E as projeções sinalizam que o indicador deverá continuar com taxas semelhantes, com o cenário doméstico ajudando a reduzir a incerteza no país.
“Para os próximos meses, o indicador deverá continuar flutuando em faixa favorável, na medida em que a economia continue a apresentar resultados positivos e as contas públicas evoluam de forma satisfatória“, disse Anna Carolina.