O Brasil registrou 38,380 milhões de pessoas com trabalho formal no segundo trimestre de 2024. Esse é o maior contingente da série histórica da PNAD Contínua, iniciada 2012.
Em outras palavras, nunca houve o registro de tantos trabalhadores com carteira assinada no país em um único trimestre quanto entre abril e junho deste ano.
O número cresceu 1,0% em relação ao trimestre anterior, o que representa um acréscimo de 397 mil pessoas. Já na comparação com o segundo trimestre de 2023, a taxa cresceu 4,4% (acréscimo de 1,6 milhão de pessoas).
Entre abril e junho deste ano, 73,6% dos trabalhadores do setor privado tinham a carteira assinada no Brasil. Em outras palavras, quase três em cada quatro empregados do setor estavam em regime formal de contratação, seguindo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
O resultado é bastante positivo e bem diferente do observado nos últimos anos, quando a pandemia da covid-19 provocou a perda de milhões de empregos em todo o mundo, inclusive no Brasil. Em 2020, muitos trabalhadores se viram obrigados a irem para a informalidade, já que os trabalhos formais tiveram uma forte baixa no planeta.
Em 2021, houve uma reversão desse cenário, e isso se consolidou em 2022, com o mercado de trabalho brasileiro ganhando mais força, bem como em 2023. Tudo isso resultou no recorde observado em 2024, impulsionado pela queda do desemprego no Brasil.
Todos estes dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada nesta quarta-feira (22).
Menores proporções de trabalhadores formais
De acordo com o IBGE, 16 das 27 Unidades da Federação (UFs) tiveram proporções de trabalhadores informais menores que a média nacional no segundo trimestre de 2024.
Em todos os estados do país a taxa de trabalhadores com carteira assinada superou os 50%, indicando que mais da metade dos empregados do setor privado tinham carteira assinada. Entretanto, alguns locais tiveram taxas bem próximas deste percentual.
Veja abaixo os estados com as menores proporções de trabalhadores formais do país:
- Piauí: 50,1%;
- Maranhão: 52,4%;
- Paraíba: 54,7%;
- Tocantins: 54,7%;
- Ceará: 54,7%;
- Pará: 56,2%;
- Bahia: 58,1%;
- Roraima: 58,8%.
Em suma, esses dados se referem ao percentual de pessoas que possuem 14 anos ou mais de idade e que estavam empregadas no setor privado no primeiro trimestre de 2023 no Brasil.
Entre abril e junho deste ano, Piauí teve o menor percentual de trabalhadores formais no setor privado. Outros oito estados tiveram taxas abaixo da média nacional: Sergipe (60,0%), Alagoas (60,2%), Pernambuco (62,0%), Acre (63,8%), Rio Grande do Norte (65,4%), Amazonas (65,8%), Espírito Santo (70,3%) e Amapá (71,1%).
Santa Catarina tem maior percentual do país
A PNAD também revelou a outra ponta do ranking, com dados mais favoráveis. Em síntese, Santa Catarina apresentou o maior percentual de trabalhadores do setor privado com a carteira de trabalho assinada. Inclusive, o estado sulista vem mantendo essa posição há anos.
A saber, 11 UFs tiveram taxas superiores à média nacional. Veja abaixo os maiores percentuais de trabalhadores com carteira assinada no setor privado no segundo trimestre de 2024:
- Santa Catarina: 87,0%;
- Paraná: 81,6%;
- São Paulo: 80,5%;
- Rio Grande do Sul: 80,3%;
- Mato Grosso: 79,4%;
- Rondônia: 79,2%;
- Mato Grosso do Sul: 78,1%;
- Distrito Federal: 77,5%;
- Rio de Janeiro: 76,3%;
- Minas Gerais: 74,9%;
- Goiás: 74,3%.
Os dados citados mostram que as maiores taxas foram observadas na região Sul, com os três estados ocupando o top quatro. Em seguida, ficaram UFs do Sudeste e do Centro-Oeste, enquanto os estados do Nordeste e do Norte tiveram os menores percentuais do país, com exceção de Rondônia, cuja taxa de trabalhadores com carteira assinada se manteve como a sexta maior do país.
Cabe salientar que o mercado de trabalho vem apresentando dados bem firmes neste ano. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, o Brasil criou 201,7 mil vagas de emprego em junho deste ano, alta de 29,5% em relação aos números observados em junho de 2023.
Com o acréscimo deste resultado, o Brasil passou a registrar um saldo de 46,8milhões de empregos com carteira assinada. Aliás, os dados fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que informa a quantidade de contratações e demissões realizadas no país em cada mês..
Entenda a PNAD Contínua
Segundo o IBGE, a PNAD Contínua acompanha as variações trimestrais e a evolução da força de trabalho no Brasil. A saber, isso acontece em médio e longo prazo através de coleta, em âmbito nacional, de informações necessárias para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do país.
Em suma, a implantação da PNAD Contínua aconteceu em outubro de 2011, alcançando o caráter definitivo em janeiro de 2012. A PNAD também divulga informações mensais e anuais, além das trimestrais, sobre força de trabalho no país e desemprego, entre outros pontos.
E os analistas do mercado ficam atentos a esses dados para traçarem possíveis resultados futuros relacionados ao mercado de trabalho brasileiro.