Os brasileiros que pagam aluguel receberam uma notícia positiva nesta quarta-feira (27). O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), popularmente conhecido como inflação do aluguel, caiu em março. O recuo foi o segundo seguido, sucedendo três meses de alta.
Em resumo, o IGP-M caiu 0,47% neste mês, algo que já era esperado, uma vez que o indicador também recuou em fevereiro (-0,52%). Ambos os resultados aliviaram um pouco o orçamento das famílias brasileiras, já que os preços do aluguel ficaram mais baratos.
Cabe salientar que o IGP-M caiu 3,18% em 2023, e o desempenho do indicador em 2024 está seguindo esse mesmo caminho. Estas reduções foram completamente diferentes do resultado observado em 2022, quando os preços do aluguel subiram 5,45%, período em que os brasileiros tiveram que pagar mais caro no país.
A propósito, os dados fazem parte do levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) e divulgado mensalmente.
Entenda o indicador que mede a inflação do aluguel
Em síntese, o IGP-M funciona como um indexador de contratos, incluindo os de locação de imóveis. No entanto, o índice não fica limitado a aluguéis, pois também é utilizado para reajustes de contratos de tarifas públicas e seguros, por exemplo.
Além disso, o indicador também influencia mensalidades de escolas e universidades, tarifa de energia elétrica e planos de saúde. Em outras palavras, o IGP-M é muito importante para diversos segmentos da sociedade, influenciando-os de maneira direta.
Com o acréscimo do resultado de março, o índice passou a acumular uma queda de 4,26% nos últimos 12 meses. Isso quer dizer que os preços de locação de imóveis estão mais baratos que há um ano, para alegria das pessoas que vivem de aluguel no país.
Inclusive, o IGP-M acumulava um leve avanço de 0,17% nos últimos 12 meses até março de 2023, resultado bem diferente do atual. Logo, a população que vive de aluguel continua se beneficiando com preços mais acessíveis, na comparação com os meses anteriores.
IGP-M abrange três índices
Em suma, a variação do IGP-M se dá por três indicadores:
- Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA);
- Índice de Preços ao Consumidor (IPC);
- Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).
Em março, apenas um dos três indicadores desaceleram, na comparação com o mês anterior. Esse resultado manteve o IGP-M no campo negativo, mas o recuo foi levemente menor que o de fevereiro. De todo modo, apenas um componente ficou negativo no mês, taxa suficiente para puxar a inflação do aluguel para o campo negativo.
Preços ao produtor caem em março
Em resumo, o IPA exerce o maior impacto no IGP-M, respondendo por cerca de 60% do índice. Por isso, o indicador considerado a inflação do aluguel tende a apresentar variações semelhantes a do IPA.
Em março o IPCA caiu 0,77%, apresentando um leve decréscimo em relação à queda observada em fevereiro (-0,90%). O decréscimo foi impulsionado principalmente pelo subgrupo de alimentos in natura, cuja taxa recuou de 5,15% para 2,17% no mesmo intervalo.
Entretanto, vale destacar que o indicador apresentou uma taxa um pouco menos negativa que a do mês anterior devido ao aumento nos preços de alguns produtos. O resultado não ficou mais intenso porque outros itens importantes tiveram variações mais tímidas no mês.
“No Índice ao Produtor, destacam-se como principais vetores de aceleração alguns alimentos in natura: laranja, ovos e mamão. Essa tendência ascendente foi moderada pelo desempenho de commodities chave no IPA, como minério de ferro, café e arroz em casca, que apresentaram variações menos expressivas“, disse o Coordenador dos Índices de Preços do FGV IBRE, André Braz.
“Contrabalanceando esse cenário, a ampliação da oferta global de grãos promete atenuar as pressões inflacionárias sobre os preços dos alimentos no Brasil, proporcionando um alívio moderado à inflação“, ponderou.
Índice ao consumidor desacelera no mês
Por sua vez, o IPC passou de 0,53% para 0,29%, desaceleração que foi provocada por cinco das oito classes de despesas pesquisadas pelo FGV IBRE, cujas taxas também apresentaram decréscimo em relação a fevereiro.
Assim como ocorreu no mês anterior, o grupo educação, leitura e recreação exerceu o maior impacto, ao desacelerar de 0,11% para -1,85%. O grande destaque de março foi o recuo significativo no preço do subitem passagem aérea, que passou de -4,78% para -10,53%.
Os outros quatro grupos que também apresentaram desaceleração nos preços foram alimentação (1,09% para 0,68%), despesas diversas (1,52% para 0,81%), comunicação (0,46% para -0,06%) e saúde e cuidados pessoais (0,51% para 0,42%).
Os decréscimos foram provocados, principalmente, pelos seguintes subitens: hortaliças e legumes (7,10% para -0,29%), serviços bancários (2,23% para 1,45%), combo de telefonia, internet e TV por assinatura (0,86% para -0,10%) e artigos de higiene e cuidados pessoais (0,78% para 0,64%), respectivamente.
“Em contrapartida, os grupos Habitação (0,19% para 0,47%), Transportes (0,45% para 0,64%) e Vestuário (-0,17% para 0,13%) exibiram crescimento em suas taxas de variação. Dentro destas classes de despesa, é importante destacar os itens: aluguel residencial (1,16% para 3,25%), tarifa de ônibus urbano (-1,57% para 0,50%) e calçados femininos (-1,05% para 0,38%)“, informou o FGV IBRE.
Inflação da construção tem leve aceleração
Por fim, o terceiro indicador que compõe o IGP-M registrou leve aceleração em março. A saber, este é o componente que exerce a menor influência na inflação do aluguel, de apenas 10%. Portanto, suas taxas não sinalizam para onde o indicador nacional vai.
O INCC variou 0,24% em março, acelerando levemente em relação a fevereiro (0,20%). Em suma, o resultado do indicador foi fortalecido pelo acréscimo observado em dois dos três grupos componentes do INCC. As oscilações foram as seguintes: materiais e equipamentos (0,20% para 0,26%), serviços (0,49% para 0,14%) e mão de obra (0,16% para 0,23%).